(Conto curto escrito por Nani inspirado nos títulos de composições do poeta da Vila, do CD de Rui de Carvalho)
Estou com o FEITIÇO DA VILA, ele pensou quando recebeu uma carta escrita nuns caracteres muito estranhos. Mostrou a folha de papel a várias pessoas que disseram: NÃO TEM TRADUÇÃO. Mas, procurando na internet, ele encontrou um GAGO APAIXONADO por línguas mortas que confirmou que aquilo era mesmo uma maldição inquebrantável enviada pela ex-mulher. Chamou a nova namorada para ir a um terreiro de macumba. Ela não acreditava em pragas e disse VOCÊ VAI SE QUISER. Ele nunca tinha ido a um terreiro, não sabia o que vestir. COM QUE ROUPA? perguntou à nova companheira que recomendou um terno escuro. PALPITE INFELIZ, ele disse pra ela e foi todo de branco. O pai de terreiro morava num sombrio casarão. Tocou a campainha que soou como um apito. TRÊS APITOS depois foi atendido. O babalorixá o convidou para beber num bar ali perto. Tiveram uma CONVERSA DE BOTEQUIM e o pai-de-santo lhe deu uns passes cantando um samba em FEITIO DE ORAÇÃO. Ele sentiu-se descarregado, aliviado, bem mais leve. Ficou num estado de êxtase tão grande que, ao voltar pra casa, na estação do metrô de Vila Isabel, distraído, ultrapassou a FITA AMARELA, caiu nos trilhos e o trem o esmagou.