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terça-feira, 4 de maio de 2010

Comentários de Nani sobre Noel Rosa



MEUS PALPITES INFELIZES SOBRE NOEL ROSA

Nássara, é um dos maiores caricaturistas do Brasil. Suas caricaturas eram logotipos de pessoas. Fui amigo dele, que era meu vizinho, em Laranjeiras. Tivemos bons papos durante o período em que o conheci até seu falecimento, em 1995. Por estar um pouco surdo, ele falava mais do que me escutava, o que era bom, pois assim soube de histórias deliciosas de seu tempo. Numa dessas conversas ele me revelou algumas histórias de seu vizinho e parceiro musical, Noel Rosa.


A POLÊMICA COM WILSON BATISTA

Não sei se o que vou contar aqui consta em algumas das muitas biografias do poeta da Vila. O que se conta da famosa polêmica entre Noel e Wilson Batista é que tudo começou com um samba feito por Wilson Batista e gravado por Silvio Caldas intitulado “Lenço no Pescoço”. Noel retrucou àquela imagem do malandro pintado pelo compositor e Aracy de Almeida cantou Rapaz Folgado.

Wilson Batista não gostou da resposta e compôs “Mocinho da Vila”. Noel deu o troco compondo “Feitiço da Vila” em parceria com Vadico. Wilson Batista respondeu com “Conversa Fiada”, desmentindo Noel ; que tascou o genial “Palpite Infeliz”. Wilson Batista apelou e chamou Noel de “Frankestein”, apelando para o defeito físico de Noel. Não satisfeito em mostrar o ponto fraco do opositor, Wilson ainda compôs “Terra de Cego”. Noel respondeu diplomaticamente, já querendo acabar com aquele embate, com “Deixa de ser Convencido”, uma letra em cima da melodia do inimigo; e, com isso, fizeram as pazes. Um disco foi feito com todos os sambas da guerra musical em l956 pela Odeon, com capa do Nássara.

Em resumo é essa a história. Mas o detalhe a que me refiro e que poucos sabem, foi o que Nássara me contou num de nossos papos. Segundo o compositor de Ala La ô, Wilson Batista ficou muito pau da vida porque Noel o chamou de “rapaz folgado”. Noel não chamava o outro de malandro, folgado – no sentido de não gostar de trabalhar -, folgado era uma gíria da época para chamar o outro de veado, bicha, boiola, etc. O folgado aí se referia a uma parte da anatomia do rapaz, vocês entenderam. Wilson, claro, não quis deixar barato.


A FACILIDADE PARA COMPOR

Nássara me contou que a música O Cinema Falado foi composta da noite para o dia. A noite em questão foi quando ele, Nássara, Noel e outros compositores, discutiam sobre estrangeirismos trazido à língua pelo cinema. Noel pouco falou, foi pra casa e no dia seguinte chegou com a música pronta, já mostrando de maneira genial o nosso macaquismo cultural frente ao inglês que nos chegava pelo cinema. Nássara ilustrou o episódio nesta charge, onde Orestes Barbosa quer trocar um verso daquele samba feito pelo Noel.

Uma música de Noel que Nássara gostava muito era Pela Última Vez, que mostra o caráter do brasileiro. Peguei-o várias vezes cantarolando este samba.


NOEL: CARICATURISTA DA MÚSICA, NÃO DO TRAÇO

A mãe de Noel, vendo que a música não dava futuro ao filho, pediu ao Nássara – amigo da família e vizinho – que arranjasse um emprego para o filho no jornal o Globo, onde Nássara publicava seus desenhos. Nássara levou Noel ao editor. Noel mostrou alguns desenhos, mas não foi admitido no jornal. Financeiramente foi ruim para o Noel, porque perdeu um emprego. Mas ganhamos nós. Noel Rosa não foi um caricaturista do traço, mas foi escelente caricaturista musical.

Noel Rosa deve ser o compositor da MPB mais caricaturado do país. Aqui mostramos Noel no traço de vários craques.

3 comentários:

  1. Grande Nani, grande Rui, este botequim vai longe!
    Um abraço
    Liberati

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  2. Vai sim amigo e vc está convidado para mandar notícias e histórias de botequim qu eu vou postar e assinado, é claro! este texto do Nani é inédito, feito especialmente para mim!

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  3. E mais... Meus amigos músicos e artista vão postar histórias mirabolantes sobre os bares!

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